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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Sobre Belo Horizonte

Este é dedicado à amiga Helô, moradora em Belo Horizonte, e a todos os mineiros amigos.


Encontrei nos meus arquivos um livro velhinho, datado de 1945, sobre Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. Copiei algumas coisas:

A MUDANÇA DA CAPITAL

Belo Horizonte tem uma história rica de pitoresco.
A mudança da capital para aqui foi feita no meio de uma tremenda saraivada de sátiras entre o padre Correia de Almeida e Augusto de Lima. O reverendo não queria que a capital saísse de Ouro Preto e o poeta das “Contemporâneas” era o maior defensor da ideia.
O povo lia as sátiras e afivelava as malas para a mudança. Mas o ouropretano nostálgico sentia deixar a terra legendária, a “Cidade do Sonho e da Melancolia”.
Para atenuar a saudade, mandava pintar no alpendre da casa aqui edificada, paisagens de vila Rica. O próprio Governo teve pena do ouropretano e mandou construir, na Praça da Liberdade, uma miniatura do Itacolomi. Aquele gesto de ternura ingénua emocionou a população transplantada.
Essa saudade ainda existe em muitos corações. Aparece nas conversas. De vez em quando, a exclamação: “Quem nos dera aqui a água de Ouro Preto!...”


O SENSO GRAVE DA ORDEM

Quando Aarão Reis completou a planta da Capital de Minas muita gente criticou o traçado. Era geométrica demais, e tanta regularidade acabaria por tornar a cidade monótona e enfadonha! O desenho parecia, no seu conjunto, um jogo de damas. Excesso de ordem…
O povo, acostumado aos becos das velhas cidades, não acreditava que aquilo pudesse dar certo. Só muito depois aprovou a planta magnífica. É que o mineiro tem o senso grave da ordem e do equilíbrio. Um poeta, inspirando-se nessa geometria, escreveu:

Ruas retas, ruas largas
A mostrar as direções
Das mais retas atitudes
Das mais largas ambições.

O traçado das cidades, o ambiente, tem um grande poder sobre as almas. Com muito acerto escreveu Henrique Lisboa: “Belo Horizonte, a cidade das rosas e do silêncio… o ar ambiente purifica os sonhos, a tranquilidade aprofunda o trabalho do pensamento. E vem daí – quem sabe? – o equilíbrio do intelectual montanhês”.

(BELO HORIZONTE, 16ª Conferência dos Distritos Rotários do Basil, 1945)


Em 1945 o Presidente da República do Brasil era o Dr. Júlio Vargas;
O Governador do Estado de Minas Gerais era o Dr. Benedito Valadares;
O Prefeito Municipal de Belo Horizonte era o Dr. Juscelino Kubitschek;
O Presidente do Rotary Club de Belo Horizonte era Cecílio Fagundes.

3 comentários:

Maria Luiza disse...

Que achado, heim, Felipa? Como isto foi parar em suas mãos? Muito legal saber que vc conhece alguns mineiros. Legal, mesmo! Beijão!

Felipa Monteverde disse...

Amiga Maria Luiza, este livro veio ter às minhas mãos porque era de umas pessoas que faleceram e os herdeiros venderam a casa. Este e outros livros, assim como cartas e outros papéis, iam para o lixo mas eu salvei-os. Essas pessoas tinham um irmão no Brasil, provavelmente foi ele que mandou o livro para Portugal.
Folgo em saber que gostou, beijinhos

Fernando Alves disse...

Prezada Felipa,

sou sobrinho bisneto (existe isso?) desse Cecilio Fagundes que mencionas aí, que mudou-se do RS para MG no início do século passado. Procuro descendentes dele. Tens como me dar pistas dos parentes???

Abraço,

Fernando Alves - www.blogdofernandoalves.blogspot.com